quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Maiakóvski O poeta da revolução


Hoje, peço licença da autoria para compartilhar esse poeta incrível, um dos melhores para mim, depois do Bertolt Brechet. Um dos poemas mais acalentadores para todos que se propõem revolucionários. Bom dia, apesar dos dias!

                                  E ENTÃO, QUE QUEREIS?


Fiz ranger as folhas de jornal
Abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
De cada fronteira distante
Subiu um cheiro de pólvora
Perseguindo-me até em casa.

Nestes últimos vinte anos
Nada de novo há
No rugir das tempestades
Não estamos alegres,
É certo,
Mas também por que razão
Haveríamos de ficar tristes?

O mar da história
É agitado.
As ameaças
E as guerras
Havemos de atravessá-las.
Rompê-las ao meio,
Cortando-as
Como uma quilha corta
As ondas.

1927

— Vladimir Maiakóvski, o Poeta da Revolução.
Tradução de E. Carrera Guerra, 1987.

domingo, 29 de novembro de 2020

O TRABALHO COMO DESUMANIZAÇÃO NO CAPITALISMO


                "Na Grécia antiga, quando a sociedade se mantinha pela utilização do trabalho escravo, e a escola era o lugar do ócio e da prática de esportes, as funções intelectuais ficavam restritas a uma pequena parcela da sociedade. Na Idade Média, a sociedade era sustentada pelo trabalho servil, pelo cultivo da terra, desenvolvido segundo técnicas simples e reiterativas que não exigiam a incorporação de conhecimentos sistemáticos. “Quem se dedicava ao trabalho intelectual era a parcela dos intelectuais, fundamentalmente concentrada no clero."http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edupro.html#:~:text=246)%2C%20f%C3%A1brica%20e%20escola%20nascem,249).

(...)"o homem, por via do trabalho, passa a controlar seu comportamento, da mesma forma que domina a natureza. Esse movimento não é individual, mas fundamentalmente coletivo e responsável pela constituição da cultura. Como resultado desse processo, temos que o homem singular (o indivíduo) humaniza-se, torna-se parte do gênero humano (universalidade) ao produzir-se a si mesmo por meio do trabalho(...)" https://www.scielo.br/pdf/psoc/v23n3/05.pdf


Seria a escola espaço de humanização?  O trabalho de fato dignifica o homem? Questões como essas não se confirmam, uma vez que feitas dentro da sociedade capitalista.  Sobre a escola e o trabalho, por exemplo, a primeira epígrafe nos mostra que a escola só se abre para a classe trabalhadora quando ela objetiva formar (deformar) para o trabalho nas fábricas. E nesse mesmo momento em que ela se expande, no Brasil, por exemplo, se estabelece o dualismo educacional onde para os filhos da classe dominante a estrutura educacional omnilateral se mantém, enquanto para os da classe operária, trabalhadora, o objetivo é "oferecer formação adequada (...) aqueles que necessitam ingressar precocemente na força de trabalho." Ora, se o objetivo da escola burguesa para a classe trabalhadora é a formação para o trabalho, e trabalho esse dentro da lógica desumana do capital, em que medida a escola poderia humanizar? Com base na segunda epígrafe a afirmativa anterior aparenta perder sentido, isso no entanto não a invalida, tampouco a epígrafe citada se faz nula, ocorre, portanto, que de fato o ser humano é transformado pelo trabalho, o trabalho, contudo é definido pelas relações sociais, que na sociedade capitalista, e no avanço da divisão social do trabalho a operação que se dá esta na via inversa da proposição acima, uma vez que o ser não detém o controle de seu comportamento, que é definido pelas regras impostas em tais relações, não domina a natureza, levando em conta a fragmentação e a alienação do objeto do trabalho, além de perder a coletividade, uma vez que as tarefas se complementam, mas não estão necessariamente interligadas, e a competição proposta nos ambientes de trabalho.

Na esteira do processo de avanço do capitalismo, sobretudo o que tange a modernização das industrias, surge o advento da escola para a classe trabalhadora. Essa escola, ao contrário da existente para a classe dominante como espaço de ócio, de conhecimento das ciências que explicam a natureza, para a classe trabalhadora surge objetivando moldar o sujeito para o trabalho, para o exercício da função, com movimentos coordenados, falas objetivas e cobranças de produções determinadas. 

A ampliação da escola para a classe trabalhadora se dá a mais de um século, no entanto sua estrutura dual se mantém atual e com grande aprofundamento. A recente implementação da BNCC que pauta a organização curricular nas competências, em especial nas competências sócio emocionais, enfatizando empatia e resiliência, não pode passar por nós despercebida. Ora, numa escola que surge pra preparar um grupo para o serviço, logo, a manutenção da ordem social para o trabalho, competências como as mencionadas estão claramente dispostas para acomodar os corpos fazendo-os, inclusive culparem-se, pelos fatídicos desempregos, ou subempregos. Não podemos ignorar que a reforma trabalhista implementada na mesma época da inserção da BNCC na escola, propõe a uberização do trabalhador promovendo a precarização do mesmo. Significa dizer, que a escola precisa preparar esses sujeitos para atuarem nesse modelo de sociedade uberizada, subempregada e sem se revoltar contra o sistema, sendo resiliente e empática com o sistema. 
Diante disso, só podemos concluir, que a escola, na forma como está organizada, preparando os sujeitos para o 'mercado de trabalho', mercado esse que é volátil e que por isso mesmo fortalece a culpabilização do trabalhador afirmando que o desemprego, num mercado de trabalho fictício, é por falta de empenho do mesmo, e que por isso, ele precisa ser resiliente e se reinventar. Com isso o sujeito alijado das condições econômicas para formar-se com vistas a atuar nesse cenário mutante, acredita ser de si mesmo, ou do outro, a responsabilidade, ou a culpa do fracasso. É nesse sentido que a escola contribui para a desumanização do ser humano, quando o forma para atender essa estrutura social capitalista, que por si já é desumana e ainda excludente. É preciso resistir!






domingo, 25 de outubro de 2020

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: PRECARIZAÇÃO À SERVIÇO DA PRIVATIZAÇÃO


"No Brasil, há uma preocupação particular com o crescimento da formação docente a distância. Apesar de a lei estabelecer que a FID* deve ser preferencialmente presencial, a modalidade a distância vem se expandido de forma notável nos últimos anos e atualmente quase 40% dos jovens que estudam cursos superiores de magistério estão matriculados em programas de educação a distância." (Profissão Professor  na América Latina Por que a docência perdeu prestígio e como recuperá-lo?)  O trecho que inicia essa reflexão tem por objetivo discutir políticas para a formação do professor na América Latina, e toma por análise a falta de qualidade na educação nesses países e em especial no Brasil. A discussão desenvolvida no referido trabalho atribui a má qualidade da educação tanto a falta de valorização financeira dos professores quanto ao despreparo acadêmico destes e a falta de vocação. Embora os autores citem, descompromissadamente, a formação desses profissionais na modalidade à distância, não levam em conta que a maior parte das matrículas nos cursos de formação de professores se dá nas instituições privadas e sobretudo, nessa modalidade a distância. É importante trazer a reflexão que a maioria dos profissionais formados pelas universidades públicas, os quais se debruçam em pesquisas e aprofundam tanto no que diz respeito a função social da educação, quanto aos conteúdos específicos do fazer docente, optam em seguir carreira de pesquisas, ou  fora das salas de aula. Essa opção se dá mais pelo engessamento da prática educativa, determinada pelos organismos internacionais, como o BID, por exemplo, que financia, o livro aqui citado, e que é avalizada, legitimada e legalizada pelas esferas públicas educacionais, que puramente pela falta de valorização econômica. Ou seja, no chão da escola a desvalorização do esvaziamento pedagógico é, infinitamente maior que o financeiro. Não se pode desconsiderar que, no tocante as demais carreiras cujo nível de formação seja o mesmo, a valorização salarial seja mais que o dobro em relação aos professores, no entanto a falta de autonomia no trabalho, o distanciamento do que seja a função social da educação e o que concretamente se realiza no chão da escola, traz impactos irreconciliáveis, tanto no professor, que perde a identificação com suas funções, quanto para os alunos, ao observarem que as escolas apenas reforçam o que eles já têm em estágio sincrético, e que apenas será reforçada a síncrese, sem que lhes seja apresentado os caminhos para a síntese (como propõe o professor Dermeval Saviani). A sociedade que, ao observar a não diferenciação da escola para os demais espaços de convivência, acaba por considerá-la depósito de crianças e adolescentes com vistas a certificação. Se a escola, portanto, não recuperar, o quanto antes suas funções próprias, qual seja: "elevar o sujeito do senso comum à consciência filosófica" (Saviani), o professor, sujeito de domínio dos conteúdos capazes de promoverem tal consciência, continuará sendo visto como um membro da família, que inclusive precisa ser grato por 'ter  a chance de cuidar dos sobrinhos', e que por isso, precisam "trabalhar por amor", apresentar apenas aquilo que dê prazer ao aluno, aquilo que não o invada. E , ainda, para se entender o que pretende essa análise, lembrem que as avaliações internacionais/externas, tomam por base as ciências (conhecimentos historicamente produzidos socialmente), como a escola pública, ou em alguma medida, a privada que atende ao filho da classe trabalhadora, apenas promovem o cotidiano da criança, não é de estranhar que apenas as escolas mais elitizada tenham desemprenho ideal. Um ponto importante neste diálogo é que parte dos professores que atuam na rede pública, também o fazem nas privadas que alcançam bom desempenho, conclui-se, portanto que o problema, não seja apenas a formação deste trabalhador, e também, e principalmente a autonomia que o mesmo não tem para desenvolver seu trabalho. Ressalto, contudo, que na esfera privada a autonomia está exclusivamente ligada ao que tange a transmissão dos conhecimentos historicamente produzidos, e se limitando aí, o que, no caso do professor da escola pública essa relação se inverte, nenhuma autonomia para trabalhar conteúdos, e mais autonomia para demais atuações. É importante estarmos atento então para o que está posto nessa retórica de má formação, ou de incapacidade profissional ou ainda de falta de "vocação", uma alegação rasteira, que carrega em si todas as contradições possíveis e que tem por mote privatizar e, em alguns casos, terceirizar tais profissionais, alegando maiores salários na base da meritocracia que usurpa de forma substancial todos os direitos conquistados sob muita luta. Direitos como; piso salarial nacional, já em debate para sua extinção, reserva de 1/3 da carga horária para planejamento, férias e recesso escolar, estão sob o risco de serem substituídos por gratificações por desempenho. Com a meritocracia e salários vinculados a avaliação de um suposto desempenho, esses direitos serão retirados, sutilmente, utilizando-se o discurso de que merece ganhar mais quem tem "melhor" desempenho. E assim se destrói direitos coletivos, implementasse valorização seletiva e individual, cria-se competição no espaço de trabalho, dificultando a organização da  luta em defesa de direitos, e como resultado, adoecimento e precarização da profissão e , em alguma medida, na qualidade da formação dos estudantes. É preciso estarmos atento. Não há, em toda a história da humanidade, vitória para o trabalhador que não tenha sido resultado de luta do próprio trabalhador organizado. 

*FID - Formação Inicial Docente

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

CONHECIMENTO COMO MERCADORIA E PROPRIEDADE PRIVADA DE UMA CLASSE


 A história da educação no Brasil é carregada de reformas, alterações e investidas em que se afirma ser investimento na qualidade. No entanto, a primeira observação que precisamos fazer é que, via de regra, quando essas reformas e/ou alterações ocorrem elas não se dão no diálogo com os agentes fundamentais do processo educativo e que são eles; professores em primeiro lugar, seguidos dos alunos e sociedade por fim. Em geral, tais alterações são feitas por entidades e fundações que auto intitulam-se defensoras da qualidade da educação, sem contudo definir sob quais bases está fundamentada a ideia de qualidade. É comum observar ainda que tais fundações/entidades e afins carregam ligações com bancos e empresas privadas de educação e, sob a legenda de educação de qualidade para a América Latina, vale lembrar que o conceito de qualidade para esse grupo, porém, além de não apresentar materialidade, confronta as proposta de qualidade dos pesquisadores em educação, que se baseia na emancipação do ser humano, implementam políticas educacionais que distancia o aluno dos conhecimentos que já foram produzidos pela humanidade e os submergem ao senso comum que já lhes é inerente. Ora, não podemos ser ingênuos, ou não deveríamos sê-lo, em pensar que tanto banco quanto empresas privadas primem pela qualidade da educação. É  urgente e fundamental compreender que a história da educação no mundo e em especial no Brasil e na América Latina, pensada por grupos hegemônicos privados e econômicos, e fundamentada na formação de mão de obra para atender a estrutura social que aí está posta, não se proporá a apresentar alternativas que garantam formação de qualidade a uma classe que dentro da estrutura vigente precisa submeter-se as determinações dessa sociedade. Logo, para o conjunto desses pseudos defensores da educação, que em sua maioria têm formação na área de economia, a educação ministrada na esfera pública precisa manter a roda girando, e para isso esses futuros trabalhadores não podem 'perder tempo' com pensamentos considerados abstratos, como a compreensão dos processos histórico nos quais as sociedades foram formadas, tampouco podem acumular conhecimentos historicamente desenvolvido por essa mesma sociedade. O acúmulo, a detenção e o domínio de tais conhecimentos fica reservado à classe dominante, ou seja, fica garantido e reservado a esta classe que advoga educação significativa, sem esclarecer contudo o que seja o termo, afiançando assim a manutenção do seu status quo. Para a classe que fica na base da pirâmide, portanto reserva-se a apropriação, e sem domínio, dos rudimentos da leitura e da escrita, além de cálculos básicos, com nenhuma complexidade, para que assim possa ser, inclusive grato, pelo 'mercado de trabalho' que o absorveu, visto que do lado de fora ficaram milhares. Vale ressaltar que esse mercado de trabalho é uma abstração, uma efemeridade, o que é sinônimo de 'empregabilidade' hoje é possivelmente desemprego amanhã. É a educação a serviço da obsolescência programada. É necessário, todavia tomar o conhecimento pelo cabresto, na marra e não abrir mão do mesmo.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

SOBRE O NÃO RETORNO ÀS AULAS E AS CONDIÇÕES DOS CONTRATADOS*


Sobre a movimentação de greve, apoiada pelo sindicato é importante refletir sobre o país em que vivemos. É fundamental se perguntar porque os bancos recebem 1,2 trilhões para se salvar enquanto o trabalhador que produz riquezas para o país, mal ganha R$ 600. Pergunta: o que os bancos produzem? Qual a riqueza produzida pelo Itaú? Santander? Bradesco? Porque esses bancos precisam de socorro? A riqueza deles vêem de onde? A resposta sobre a última pergunta é; da exploração e expropriação do trabalho do verdadeiro alicerce desse país, todos nós TRABALHADORES de fato! Precisamos pensar, que nesto momento a palavra de ordem deve ser PROTEGER Á VIDA! RESGUARDAR-SE! Se o governo tem mais de 1,2 trilhões para socorrer bancos, por que não tem políticas de ESTADO para garantir dignidade ao trabalhador? Esse é o momento de cobrar políticas públicas eficientes. Hoje temos uma suspensão de contratos coletivos em função de uma pandemia, mas o bem da verdade é que mesmo o trabalhador individual, se acometido de impossibilidade de trabalho, em função de saúde ou de desemprego estrutural, terá as mesmas condições precárias impostas por esse momento "pandêmico". Precisamos então cobrar políticas de renda mínima, para que nenhum trabalhador, seja nesse momento ou em outro, tenha que passar as dificuldades que o desemprego promove. Nossa luta deve ser por direitos!

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Aprovação automática em tempos de pandemia

Há alguns anos a ideia sedutora da aprovação automática era celebrada pela família, por alguns professores, pelas escolas, mas principalmente pelos governos. A ideia que se vende, desse modelo de aprovação é que a qualquer momento o aluno pode recuperar o que perdeu sem ter o ano escolar prejudicado. Mas, se em 200 dias de dedicação aos conteúdos da referida série escolar, em que todos os colegas encontram-se, razoavelmente, no mesmo nível de conhecimento e ainda assim o/a aluno/a encontrou dificuldades em assimilar conteúdos de referência específica daquele ano escolar, como será mais fácil ele captar tais conteúdos de série mais elevadas, com colegas em nível de conhecimento mais avançado? A experiência mostra que esses (essas) aluno/as tendem a estacionar no desenvolvimento científico escolar. Ou mantêm-se aprovando colando do colega, ou sendo constantemente aprovado pelos conselhos escolares. E assim sendo, têm seu futuro educacional comprometido. É preciso discutir qual a função da escola! Toda ação educacional deve ser pautada pela intencionalidade. Ou seja, o papel da escola é apenas o de certificadora (diplomadora)? Ou a escola busca elevar o nível de consciência do educando, fazer com que ele alcance conhecimentos mais elaborados para a vida!? É definindo de que escola se fala que entenderemos que cidadão se deseja formar. A escola, porém, não deve compactuar com o projeto de ilusão do capitalismo, que finge entregar nas mãos do sujeito possibilidades de escolhas quando estar lhe podando caminhos impedindo-os de enxergá-los e com isso de optar por esses. E, nesses tempo de pandemia, que no Brasil se transformou em pandemônio o discurso do cuidado com o aluno ganha força, enquanto não passa de cilada bem armada para destruir sonhos e possibilidades. Aprovar alunos com o discurso de não prejudicá-los é o mesmo que ministrar venenos que mata aos poucos e usar o discurso de estar prolongando-lhes a vida! 

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Era do conhecimento ou da informação?!

EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA, TAMBÉM CHAMADA DE ENSINO REMOTO

Em tempos de pandemia, que no Brasil se transformou em pandemônio, uma estrutura anterior ganha força total. A saber, educação a distância com a falácia de ensino remoto, mas que é a mesma coisa, só mais precarizado. O país festejou a iniciativa, fechando os olhos para fatores primordiais ao que chamamos de processo educativo. Não bastasse a exclusão já existente no mundo educacional, o ensino remoto, que é educação a distância ainda mais precarizada, invadiu os lares daqueles que podem pagar a internet, no final das contas, ainda que com direito ao acesso, só se manteve no jogo os que tinham as ferramentas (celulares, tabletes, computadores, notebooks…) em quantidades suficientes, logo depois tomou-se conta que em um país predominantemente analfabeto, ter acesso e ter ferramentas não foram suficientes, era preciso ter um mínimo de conhecimento escolar para auxiliar os filhos. Não bastasse todos os entraves acima listado, me pergunto; e a formação do professor? Pra que serve? No ensino médio são 4 anos dedicados ao aprendizado de didática, filosofia, sociologia. Na universidade mais 4, sempre com ênfase na filosofia da educação, sociologia da educação e na didática, por serem as maiores ferramentas de aproximação entre quem ensina, quem aprende e o objeto a ser aprendido. Diante disso o cenário que se monta é, de que educação estamos falando? Qual a sua função? Se pensamos que a função da educação é elevar o sujeito “Do senso comum à consciência filosófica” (Dermeval Saviani), que ensino é esse do apenas preencher lacunas, respostas? Sem possibilidades concretas de diálogo, trocas? É imperativo percebermos que esse modelo de ensino só fomenta o ideal já instaurado nesse modelo de sociedade em que vivemos, qual seja o de meramente reproduzir o que lhe é proposto. A educação não pode ser passiva, educação é carregada de atividades, contradições, reflexões, debates e trocas. O que vem sendo oferecido nesses tempos é um projeto para ampliação das desigualdades de classe. Um projeto para a exclusão do conhecimento produzido nas universidades e reproduzidos nas escolas básicas. Não deveria ser concebível qualquer forma de aprendizagem que excluísse o debate, o diálogo…

“Educação do senso comum à consciência filosófica” Livro de Dermeval Saviani, 1980