segunda-feira, 13 de julho de 2020

EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA, TAMBÉM CHAMADA DE ENSINO REMOTO

Em tempos de pandemia, que no Brasil se transformou em pandemônio, uma estrutura anterior ganha força total. A saber, educação a distância com a falácia de ensino remoto, mas que é a mesma coisa, só mais precarizado. O país festejou a iniciativa, fechando os olhos para fatores primordiais ao que chamamos de processo educativo. Não bastasse a exclusão já existente no mundo educacional, o ensino remoto, que é educação a distância ainda mais precarizada, invadiu os lares daqueles que podem pagar a internet, no final das contas, ainda que com direito ao acesso, só se manteve no jogo os que tinham as ferramentas (celulares, tabletes, computadores, notebooks…) em quantidades suficientes, logo depois tomou-se conta que em um país predominantemente analfabeto, ter acesso e ter ferramentas não foram suficientes, era preciso ter um mínimo de conhecimento escolar para auxiliar os filhos. Não bastasse todos os entraves acima listado, me pergunto; e a formação do professor? Pra que serve? No ensino médio são 4 anos dedicados ao aprendizado de didática, filosofia, sociologia. Na universidade mais 4, sempre com ênfase na filosofia da educação, sociologia da educação e na didática, por serem as maiores ferramentas de aproximação entre quem ensina, quem aprende e o objeto a ser aprendido. Diante disso o cenário que se monta é, de que educação estamos falando? Qual a sua função? Se pensamos que a função da educação é elevar o sujeito “Do senso comum à consciência filosófica” (Dermeval Saviani), que ensino é esse do apenas preencher lacunas, respostas? Sem possibilidades concretas de diálogo, trocas? É imperativo percebermos que esse modelo de ensino só fomenta o ideal já instaurado nesse modelo de sociedade em que vivemos, qual seja o de meramente reproduzir o que lhe é proposto. A educação não pode ser passiva, educação é carregada de atividades, contradições, reflexões, debates e trocas. O que vem sendo oferecido nesses tempos é um projeto para ampliação das desigualdades de classe. Um projeto para a exclusão do conhecimento produzido nas universidades e reproduzidos nas escolas básicas. Não deveria ser concebível qualquer forma de aprendizagem que excluísse o debate, o diálogo…

“Educação do senso comum à consciência filosófica” Livro de Dermeval Saviani, 1980

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