A história da educação no Brasil é carregada de reformas, alterações e investidas em que se afirma ser investimento na qualidade. No entanto, a primeira observação que precisamos fazer é que, via de regra, quando essas reformas e/ou alterações ocorrem elas não se dão no diálogo com os agentes fundamentais do processo educativo e que são eles; professores em primeiro lugar, seguidos dos alunos e sociedade por fim. Em geral, tais alterações são feitas por entidades e fundações que auto intitulam-se defensoras da qualidade da educação, sem contudo definir sob quais bases está fundamentada a ideia de qualidade. É comum observar ainda que tais fundações/entidades e afins carregam ligações com bancos e empresas privadas de educação e, sob a legenda de educação de qualidade para a América Latina, vale lembrar que o conceito de qualidade para esse grupo, porém, além de não apresentar materialidade, confronta as proposta de qualidade dos pesquisadores em educação, que se baseia na emancipação do ser humano, implementam políticas educacionais que distancia o aluno dos conhecimentos que já foram produzidos pela humanidade e os submergem ao senso comum que já lhes é inerente. Ora, não podemos ser ingênuos, ou não deveríamos sê-lo, em pensar que tanto banco quanto empresas privadas primem pela qualidade da educação. É urgente e fundamental compreender que a história da educação no mundo e em especial no Brasil e na América Latina, pensada por grupos hegemônicos privados e econômicos, e fundamentada na formação de mão de obra para atender a estrutura social que aí está posta, não se proporá a apresentar alternativas que garantam formação de qualidade a uma classe que dentro da estrutura vigente precisa submeter-se as determinações dessa sociedade. Logo, para o conjunto desses pseudos defensores da educação, que em sua maioria têm formação na área de economia, a educação ministrada na esfera pública precisa manter a roda girando, e para isso esses futuros trabalhadores não podem 'perder tempo' com pensamentos considerados abstratos, como a compreensão dos processos histórico nos quais as sociedades foram formadas, tampouco podem acumular conhecimentos historicamente desenvolvido por essa mesma sociedade. O acúmulo, a detenção e o domínio de tais conhecimentos fica reservado à classe dominante, ou seja, fica garantido e reservado a esta classe que advoga educação significativa, sem esclarecer contudo o que seja o termo, afiançando assim a manutenção do seu status quo. Para a classe que fica na base da pirâmide, portanto reserva-se a apropriação, e sem domínio, dos rudimentos da leitura e da escrita, além de cálculos básicos, com nenhuma complexidade, para que assim possa ser, inclusive grato, pelo 'mercado de trabalho' que o absorveu, visto que do lado de fora ficaram milhares. Vale ressaltar que esse mercado de trabalho é uma abstração, uma efemeridade, o que é sinônimo de 'empregabilidade' hoje é possivelmente desemprego amanhã. É a educação a serviço da obsolescência programada. É necessário, todavia tomar o conhecimento pelo cabresto, na marra e não abrir mão do mesmo.
quarta-feira, 14 de outubro de 2020
CONHECIMENTO COMO MERCADORIA E PROPRIEDADE PRIVADA DE UMA CLASSE
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ResponderExcluirA mídia só dá voz a esses grupos, se fortaleceram com a pandemia e a lógica do "ensino a distância".
ResponderExcluirMais do que nunca temos que lutar pela simples manutenção de todas as conquistas. Obrigada por toda sua luz e força!
A mídia é, em grande medida, esse grupo, o mais alarmante é o governo dar voz e criar suas políticas a partir desse grupo.
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