As pessoas que vêm discutindo saúde emocional nas escolas, em sua maioria, atua mais no ataque ao trabalhador da educação que na defesa de uma saúde mental efetiva. O lamento é que tais pessoas arrastam multidão por falar em "educação para o futuro", metodologias ativas, aprendizagem para a felicidade. No entanto, vale lembrar aos distraídos, que tais pautas são as mesmas do Banco Mundial, da OCDE, do Bid, e dos organismos internacionais de modo geral. É fundamental perguntar, por que este modelo de educação, fundamentado nas bases de Piaget, que desenvolveu uma pedagogia para crianças com "retardo mental" (assim eram chamados na época em que Piaget desenvolveu sua teoria), e tal como fora preconizada, essas teorias vem sendo trazidas para dentro das escolas, e por que esse modelo de educação é pensado apenas para os países pobres e continente africano? As justificativas em torno da defesa de uma "escola alternativa" é de que os alunos ainda não atingem as metas das avaliações, é claro, e nem um pouco novo para nós, que a realidade seja essa mesma, uma vez que a escola, que agora atua por motivações e prazeres do aluno não pode mais reprovar, exceto se este ficar muito aquém daquilo que é proposto como rudimento de leituras e cálculos matemáticos, entenda rudimentos como rudimentos mesmo. justificam ainda, que as profissões do futuro não necessitarão de domínio das ciências, pq o chat GPT tem tudo. Ora, as enciclopedias também sempre tiveram e nem por isso a elite abandonou a escola. Outra justificativa ancora numa probabilidade de não existir mais profissões que necessitem de conhecimentos acumulados, me lembrei de Gobineuau que criou uma teoria racista e que Firmim, homem preto, só conseguiu refutá-lo por dominar as bases teórico-metodológicas usadas pelo racista em questão. Ou seja, se o dominado não domina o conhecimento do dominador, ela permanecerá na posição de dominação. Pessoas, que autointitulam-se pedagogas, atacam frontalmente os professores, retirando muitas coisas de contexto, criando um enredo fictício para seduzir e convencer desatentos. Entristece-nos saber que alguns amigos compartilham de um sentimento de animosidade em relação aos trabalhadores da educação. O adoecimento desses trabalhadores perpassa, principalmente, pelo ataque desferido pelas famílias e, sobretudo, por pessoas que se intitulam mais capacitadas que os professores para atuar em sala de aula. Pessoas que operam em campo abstrato, ignorando as tensões do dia dia nas escolas, as diversas aflições das crianças, das famílias e dos trabalhadores. E que, o conjunto de frustrações sociais, fora da escola, são levados para dentro delas e impostos sobre as costas dos professores. A proposta de uma escola que nega a função ontológica do professor, cumpre apenas o objetivo de descaracterizá-lo como tal e assim, ao não reconhecer sua função, fica sujeito de uma sociedade que exige tudo deste trabalhador, que seja psicólogo, pai/mãe, irmão, amigo, menos professor, aquele que transmite o conhecimento que adquiriu ao frequentar uma universidade e permanecer debruçando-se em pesquisas e estudos.
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