sábado, 22 de maio de 2021

EDUCAÇÃO: SOBRE DIFERENÇAS E DESIGUALDADES


H
á quem diga que a escola ao definir seu currículo e lançar mão de seus conteúdos precisa levar em conta as diferenças. Defendem ainda que cada sujeito tem seu tempo, seus interesses e suas condições. A priori não discordamos de todo,    defendemos no entanto, que é preciso definir qual o papel central da escola para compreender onde encaixa e onde se perde tal afirmativa. Do ponto de vista da pedagogia defendida pela classe hegemônica, e em alguma medida referendada por setores progressistas (seja por ingenuidade, seja por acordos espúrios), a educação precisa pautar-se pelos interesses do sujeito e pelas condições de seu entorno, a isso não podemos dar outro nome que não seja legalização da(s) desigualdade(s). Nós, de nossa parte, defendemos que a escola parta da realidade social existente par promover caminhos que possibilitem a inserção do filho da classe trabalhadora no mundo dos conhecimentos históricos, filosóficos, científicos e artísticos. Afinal fazemos nossas escolhas dentro do leque de possibilidades que nos é apresentado, do nosso dia a dia, se este leque for empobrecido, limitado, nossas escolhas também assim serão. Ora, se no cotidiano temos apenas arroz e feijão para nossa alimentação, não temos como escolher caviar, ainda que seja nosso interesse, caso tenhamos conhecimento da  existência de tal iguaria. Como bem diz a música de Zeca Pagodinho "Você sabe o que é caviar? Nunca vi, nem comi eu só ouço falar!" Pois bem, esse é o leque de possibilidades apresentado pela pedagogia burguesa aos filhos da classe trabalhadora. Impedem que a classe trabalhadora conheça as características, do ponto de vista qualitativo e econômico do caviar, não negam a existência, mas incentivam o desinteresse dada a distância da posse, assim ocorre com o conhecimento, e não apenas ao aluno, mas também ao professor que forma essa classe (trabalhadora). Diferença, portanto, é a cor dos olhos, do cabelo, a estatura, a estética, o prazer ou não prazer. O que a educação da classe burguesa propõe é desigualdade. É abortar o futuro do povo trabalhador, que em sua maioria tem diferenças pontuais no que diz respeito à raça e sobretudo classe. Logo, a pedagogia burguesa usa a diferença para legitimar as desigualdades, uma vez que, se apenas a elite econômica do país te
m acesso aos conhecimentos hitoricamente produzidos, está nas mãos dela os melhores postos de trabalho, as melhores cadeiras nas universidades, as melhores chances de compreenderem os processos nos quais se formam as questões sociais seja no âmbito da política, filosofia, história e ciência. Está nas mãos da classe burguesa conhecer as bases sociais em que vivemos e demandar dela seus interesses, inclusive escamoteando a realidade e usando de premissas aparentemente verdadeiras para impregnar novos direcionamentos,  usando por vezes narrativas aparentes para criar necessidades inexistentes. É, pois no seio da classe burguesa, que se legitima a desigualdade, que nasce as mais falaciosas retóricas cujo objetivo seja frustrar ações da classe trabalhadora, exemplo bem marcante de tal falácia reside na tão propalada verbosidade em que afirmava fazer mal o consumo de manga com leite, a argúcia dos proprietários de terra que ensejavam manter intactas tuas propriedades, ainda que seus trabalhadores, em sua maioria escravos morressem de fome levou a cabo uma das afirmativas mais esvaziada de sentido científico já existente, usando casos isolados como exemplo e ignorando as condições sociais e econômicas dos trabalhadores expostos à riscos de mortes atribuídos levianamente à manga e ao leite, que hoje rendem um delicioso mousse. É urgente, então, entender que uma pedagogia que recorre as diferenças para legitimar as desigualdades precisa ser combatida. Não obstante não basta apenas desejar combatê-la, mas munir-se de conhecimento para que tal combate alcance objetividade e resultados, ao que, no meu modo de perceber apenas a Pedagogia Histórico-crítica vem dando conta de atender as necessidades urgentes da classe trabalhadora de dominar o que a classe dominante não apenas domina, todavia, que ano após ano vêm consolidando-se como proprietária exclusiva dos conhecimentos genéricos, humanamente produzidos pela classe de trabalhadores, ainda que respeitando seus estratos mais distintos. É urgente, por conseguinte, travar uma batalha ferrenha para trazer de volta para o seio da escola aquilo que ela tem, por excelência como fundamental: o conhecimento!

2 comentários:

  1. Sou super a favor do conhecimento sócio político, este com certeza faz toda diferença e precisa voltar a ser disciplina nas escolas. Quanto as diferenças intelectuais, temos a lei de inclusão que precisa ser discutida uma vez q essas diferenças seja por inúmeros tipos de transtornos estão aí nas escolas muito demandadas cada vez mais...mas esse debate está sempre muito aquem" da realidade por muitos profissionais da educação resistirem a ele dentro da pedagogia avançada. Penso que sempre iremos morrer na praia se não falarmos dessa inclusão e das dificuldades profissionais apresentadas nas escolas privadas ou públicas. Passamos por crise em todas as áreas citando também a saúde que cada vez se distância mais do seu papel em humanizar. Seria lindo ver nossas teses debatidas em cada município chamando as partes diretamente envolvidas. É como uma invenção de elétro doméstico sem consultar uma dona(o) de casa pra realizar suas formas e praticidade mas não, antes inventam, lançam no mercado e quem vai utilizar não se adapta por fazer sua tarefa ainda melhor cm as próprias mãos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Elza, querida, muito obrigada por tua participação em forma de comentário. A discussão que precisamos pautar com urgência é: que sistema é esse que advoga inclusão mas exclui em suas bases? Mesmo os professores estão excluídos desse processo.
      Acácia Küenzer já denunciava de "Inclusão excludente e exclusão includente", pois está no bojo da política a inclusão, de fato os alunos estão na escola, mesmo com suas múltiplas e distintas diferenças, mas excluídos do processo, visto que o professor não tem tempo para a formação e que caso queira formar-se precisa demandar recursos próprios para tal e ainda ficando nas mãos dos charlatões da educação, que vendem diplomas como sendo formação. Não está nas mãos dos professores salvar a educação, são políticas públicas de exclusão em todas as esferas!!! Permaneçamos na luta amiga!!

      Excluir