quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Maiakóvski O poeta da revolução


Hoje, peço licença da autoria para compartilhar esse poeta incrível, um dos melhores para mim, depois do Bertolt Brechet. Um dos poemas mais acalentadores para todos que se propõem revolucionários. Bom dia, apesar dos dias!

                                  E ENTÃO, QUE QUEREIS?


Fiz ranger as folhas de jornal
Abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
De cada fronteira distante
Subiu um cheiro de pólvora
Perseguindo-me até em casa.

Nestes últimos vinte anos
Nada de novo há
No rugir das tempestades
Não estamos alegres,
É certo,
Mas também por que razão
Haveríamos de ficar tristes?

O mar da história
É agitado.
As ameaças
E as guerras
Havemos de atravessá-las.
Rompê-las ao meio,
Cortando-as
Como uma quilha corta
As ondas.

1927

— Vladimir Maiakóvski, o Poeta da Revolução.
Tradução de E. Carrera Guerra, 1987.